Apesar do prefeito de Guaratuba, Mauricio Lense, ter decretado Situação de Emergência Administrativa no município, chama a atenção que a cidade terá o carnaval mais caro de sua história. Segundo o Pregão Eletrônico 01/2025, previsto para acontecer na próxima quarta-feira, dia 19, o valor público gasto no carnaval de Guaratuba será de R$ 2.166.877,33.
Detalhadamente, serão destinados do dinheiro público:
- R$ 1.035.700,00 para a montagem dos palcos
- R$ 47.533,33 para o produtor dos shows
- R$ 318.062,67 para a contratação de segurança particular
- R$ 156.040,00 para a locação de banheiros químicos
- R$ 380.933,33 para atrações musicais e DJs
Não entram na conta o cachê dos artistas, que serão bancados pelo SESC – Serviço Social do Comércio.
Chama a atenção também que a produtora responsável por toda a organização do carnaval de Guaratuba 2025, que muitos acreditam já saber qual será a vencedora, tem grandes chances de levar junto no pacote a concessão de 16 pontos de bares e 16 pontos de food trucks para funcionar no evento, além da comercialização de dois camarotes.
No entanto, o que mais tem causado insatisfação entre a população não é apenas o alto custo do evento, mas também o fim da tradicional Banda de Guaratuba, um símbolo cultural da cidade há 32 anos e um dos principais atrativos turísticos do município. A justificativa da prefeitura para a ausência dos trios elétricos, ícones da banda, foi a falta de tempo hábil para licitá-los, alegando questões de segurança e logística. Em substituição, os grupos musicais se apresentarão em quatro palcos fixos instalados ao longo da Avenida 29 de Abril.
O que causa perplexidade é o fato de a prefeitura alegar falta de tempo para licitar os trios elétricos, mas ter conseguido licitar palcos, banheiros químicos, segurança e produção em um edital publicado em 31 de janeiro, com previsão de pregão para o dia 19 de fevereiro. Essa contradição tem gerado descontentamento entre os moradores, que não compreendem a priorização de alguns serviços em detrimento de outros.
Além disso, há uma questão orçamentária que levanta dúvidas: o valor de R$ 2.166.877,33 não estava previsto no PCA – Plano de Contratação Anual do município. O decreto de Situação de Emergência Administrativa permite apenas contratações emergenciais para áreas essenciais, como saúde, educação, transporte público, assistência social e limpeza urbana. Diante disso, surgem questionamentos: de onde sairá esse recurso? Qual setor da prefeitura está custeando o evento? O prefeito estaria descumprindo a Nova Lei de Licitações (14.133/2021) ao realizar gastos não previstos no orçamento?
A situação tem gerado desconfiança e insatisfação entre os guaratubanos, que esperam respostas claras e transparentes sobre os rumos do carnaval e o uso dos recursos públicos.